Acervo

Autores

Ataulfo Alves

Sousa, Ataulfo Alves de
  • Cantor
  • ∙ Compositor

Ataulfo de Souza Alves vem lá de Miraí, na Zona da Mata. Filho de Severino Alves de Sousa e D. Matilde Alves de Sousa; o velho Severino (ou "Capitão" Severino, como era conhecido em Miraí) era um grande violeiro e repentista, sendo ainda um virtuose da harmônica. Cantava, muitas vezes, uma noite inteira. Ataulfo tinha dez anos qundo o "Capitão", um dia, experimentando uma arma de fogo, fê-la detonar involuntariamente no dedo. A ferida infeccionou e no dia seguinte, suado de uma colheita de café, apanhou um forte aguaceiro. Foi a conta exata. Assim morreu o "Capitão" Severino, deixando 6 filhos (2 meninos e 4 meninas) e um legado de talento que Ataulfo se apressou a herdar. E foi fazendo seus versos e suas composições infantis e trabalhando nos empregos que lhe apareciam: oficina mecânica, marcenaria, fundição (Ataulfo tinha, então, bom folego para soprar foles...), etc. Em 1927 - com 18 anos, portanto, veio para o Rio de Janeiro em companhia de um médico que fora amigo de seu pai, Dr. Afrânio Moreira de Resende, tendo ido logo trabalhar com ele em seu escritório, à rua da Assembléia, 34. Empregou-se tempos depois, como ajudando de farmácia à rua São José, 61, na "Farmácia e Drogaria do Povo" de Samuel Antunes & Cia. Deixou uma vez o lugar mas, logo depois, a ele regressou, pois era difícil deixar uma família como a de Samuel Antunes que tanto o considerava. As duas mocinhas da casa, aliás, tinham uma amiga que ia sempre visitá-las e que então conheceu Ataulfo: Carmen Miranda. Mas é o compositor Alcebíades Barcelos que merece realmente o título de "descobridor" de Ataulfo Alves. Conhecendo seu grande valor, apresentou-o na Victor. E, por uma feliz coincidência, foi chamada Carmen Miranda para ouvir suas músicas. Carmen lembrou-se logo de Ataulfo e escolheu "Tempo perdido" que gravou pouco depois (1934). Mas, se foi essa a primeira composição de Ataulfo gravada, seu primeiro sucesso de verdade veio no ano seguinte: "Saudades do meu barracão", gravado por Floriano Belham e pelo Bando da Lua. Em 1941 pensou em gravar, ele mesmo, um disco para a família e para os amigos. Falou na Odeon com "Herr" Strauss e ele aprovou a idéia. Assim saiu o disco, "Leva meu samba" (Ataulfo Alves) e "Alegria na casa do pobre" (Ataulfo Alves e Abel Neto) em que canta acompanhado pela Escola de Samba na Cidade. Era sua consagração definitiva como compositor e como cantor. E já que tinha de cantar, Ataulfo substituiu sua Academia de Samba por um coro de três moças, bem mais portátil, e que Pedro Caetano batizou como "Patoras". Daí por diante os sucessos de Ataulfo se sucedem: "Pois é", "Vai mesmo", "Mulata assanhada", etc. Ataulfo é casado com D. Judite Alves de Sousa e tem cinco filhos: Adelino, Adeilton, Matilde e Ataulfo, todos com tendência musical. Trajando sempre com elegância, já foi incluído pelo cronista social Ibrahim Sued em sua lista dos "dez mais"... Ataulfo Alves (que um dia espera escrever sua autobiografia) e sócio e membro permanente do Conselho Deliberativo da União Brasileira dos Compositores (U.B.C), Presidente da Associação Defensora de Direitos Artísticos e Fonomecânicos (A.D.D.A.F.) e rua de sua cidade natal, e hoje "estória" Miraí

Em 1962, Ataulfo obteve um extraordinário sucesso com seu samba "Na cadência do samba", composição que abre, aliás, seu último long-playing, "Meu samba....minha vida"!. Em 1964 apresentou-se, com sucesso, por uma temporada, no elegante "Top Club", no Rio de Janeiro.     

Nascimento

1909

Data detalhada de nascimento

02.05.1909

Morte

1969

Data detalhada de falecimento

20.04.1969

Fonte de pesquisa

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira vol 2. Editora Martins, São Paulo. 1964.s

Natural

Miraí - MG