Acervo

Autores

Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX

Guerra-Peixe

Guerra-Peixe, César
  • Arranjador(a)
  • ∙ Compositor
  • ∙ Maestro
  • ∙ Musicólogo(a)
  • ∙ Pianista
  • ∙ Violinista
  • ∙ Violonista

Aos 7 anos já tocava violão, passando em seguida ao estudo do piano e depois ao violino - sua verdadeira vocação. Com quinze anos começa a dar aulas de violino como professor assistente na Escola de Música Santa Cecília. Aos 16 anos escreve o tango Otília, sua primeira composição. Atua em orquestras de salão em confeitarias, bares e cafés até que, em 1943, entra para o Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, para estudar contraponto, fuga e composição. Aos 30 anos entra em contato com H.J. Koellreuther e inicia uma longa fase dodecafonista.

Notável instrumentador e autor de obra extensa, Guerra-Peixe foi um dos líderes da música nacionalista de sua época. Dentre suas peças orquestrais, vale citar a 2ª Sinfonia, subtitulada Brasília, Museu da Inconfidência e Tributo a Portinari. Na década de 1940, teve várias de suas obras clássicas executadas e difundidas em rádios e festivais de  Londres, Bruxelas e Zurique. Em 1955, teve a sua Suíte sinfônica nº 1 apresentada em São Paulo pelo maestro Guarnieri. Após essa primeira audição, a suíte foi executada em Moscou, Leningrado, Odessa, Lvov e Kiev, na ex-União Soviética.

Depois de recusar o convite do maestro alemão Hermann Scherchen para estudar regência na Suíça, Guerra-Peixe vai para Pernambuco onde assina contrato com uma rádio do Recife. Lá desenvolve durante três anos uma intensa atividade de pesquisa sobre o folclore, recolhendo material sobre maracatus, xangôs e catimbós no interior pernambucano e publicando, em 1955, a sua obra Maracatus de Recife. Na ocasião começa a frequentar o curso de folclore musical do Centro de Pesquisas Folclóricas Mário de Andrade, e prossegue na coleta de temas populares visitando inúmeras cidades paulistas, onde recolhe jongos, sambas, cateretês, cururus, folias-de-reis, modas-de-viola e congadas. No mesmo ano escreve artigos sobre folclore brasileiro e música popular nos jornais Tempo e A Gazeta. Grava pela Copacabana, com o grupo Seu Batuque, as Jornadas da Lapinha nº 1 e 2, com arranjos de sua autoria sobre motivos populares.

Em 1958, no concurso de composições da Ricordi Brasileira, recebe o primeiro prêmio pela composição Suíte nº 2 - nordestina, para piano, e ganha duas menções honrosas, para o Trio nº2, para sopros e, com a Sonatina nº1, para piano. Em 1962, muda-se para o Rio de Janeiro, integrando, no ano seguinte, a Orquestra Sinfônica da Rádio MEC como violinista. Em 1965, participa como um dos maestros arranjadores do espetáculo Vinícius: poesia e canção, realizado no Teatro Municipal de São Paulo.  Em 1968 passa a coordenar a Escola Brasileira de Música Popular. Também no MIS, compõe os Conselhos de Música Popular e de Música Erudita. Entre os anos de 1972 e 1980 leciona no Centro de Estudos Musicais do Rio de Janeiro, na Universidade Federal de Minas Gerais e na Universidade de São Paulo. No Rio de Janeiro, também dá aulas na UFRJ, na Pró-Arte e na Escola Villa-Lobos.

Em 1978 grava pela RGE/Fermata o LP Sedução do norte, todo com composições de Capiba. Passa a apresentar-se como violinista, regente e compositor em diversos concertos pelo país, sempre com repertório dedicado a autores nacionais. Suas composições populares - sambas, frevos, toadas, marchas e pontos - são gravadas por cantores como Silvio Caldas, Inezita Barroso, Leny Eversong, José Orlando e a dupla Jararaca e Ratinho. Compositor clássico de expressão internacional, Guerra-Peixe teve significativa atuação na música popular como arranjador, instrumentador e pesquisador. Recebeu, entre outras homenagens, o Prêmio Nacional da Música, da Funarte, pouco antes de falecer aos 79 anos.

Data detalhada de nascimento

18.03.1914

Data detalhada de falecimento

26.11.1993

Fonte de pesquisa

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB - A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012. ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014. AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. BARBOSA, Valdinha e DEVOS, Anne Marie. Radamés Gnattali - O eterno experimentador. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D. CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965. COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002. EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1978. EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982. MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999. MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2000. MÁXIMO, João. Paulinho da Viola - sambista e chorão. Rio de Janeiro: Série Perfis do Rio, 2002. SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1997. TAUBKIN, Myriam (org.) - Um Sopro de Brasil. Projeto Memória Brasileira, 2006. Verbetes redigidos por Maria Luiza Kfouri TAUBKIN, Myriam (org.) - Violões do Brasil. Textos de Maria Luiza Kfouri. 2ª edição: Editora SENAC, São Paulo, Edições SESCSP, 2007 TINHORÃO, José Ramos. Música popular - teatro e cinema. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1972. VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Natural

Petrópolis - RJ