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Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
João Carrasqueira
Carrasqueira, João Dias
- Arranjador(a)
- ∙ Compositor
- ∙ Flautista
- ∙ Professor
De seu pai - que era ferroviário e mestre de banda - João Carrasqueira herdou as duas profissões. E foi pintando painéis nas estações da São Paulo Railway que João Dias Carrasqueira sustentou o início de sua carreira musical. Começou a estudar flauta com o irmão mais velho, José Maria Dias, para, mais adiante, graduar-se como professor de flauta no Conservatório Musical Santa Cecília, em São Paulo. Em 1964, aposenta-se da ferrovia e passa a atuar com a Orquestra Filarmônica de São Paulo. Dedica-se igualmente às profissões de músico e professor. Seguindo metodologia própria, com um processo de ensino individualizado que valorizava o repertório brasileiro, teve centenas de alunos, entre músicos populares e flautistas eruditos. Sem preferência por nenhum nível de ensino, usava uma metodologia especial para as crianças, assim como para alunos com dificuldades motoras ou psicológicas.
Teve dois filhos músicos: a pianista Maria José Carrasqueira e o flautista Toninho Carrasqueira. Como instrumentista, se sentia à vontade no choro, na seresta e na música barroca, assim como na música clássica e na erudita moderna, fosse brasileira ou estrangeira. Na música clássica, dedicou-se a divulgar o repertório para a flauta, à época pouco conhecido. Atuou como solista na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo durante as comemorações do 4º centenário da cidade, em 1954; com a Orquestra Sinfônica de Amadores de São Paulo, solou a obra completa de Mozart para flauta, em 1964; com a Orquestra Filarmônica de São Paulo foi o solista da obra completa de Camargo Guarnieri para o instrumento em 1965, tendo o compositor ao piano; e foi também solista do ciclo integral das sonatas e da obra para flauta e orquestra de Johann Sebastian Bach, em 1966.
No ambiente da música popular, desde muito jovem foi um incansável solista e criador de grupos de seresta e de choro. Iniciou-se nas orquestras do cinema mudo, passando pelo rádio - quando forma um trio com Garoto e Aymoré, e participa de diversas orquestras e regionais, como o de Armandinho Neves. Por sua habilidade para o improviso, era o flautista que Pixinguinha mais procurava quando se apresentava em São Paulo. Como nunca teve grande apreço pelo disco, suas participações são ínfimas se comparadas à sua presença na cena musical brasileira. Em 1986, aos 78 anos, gravou ao lado da filha o seu primeiro e único LP, cujo repertório desenha um painel de sua carreira. Compôs também trilhas sonoras de telenovelas, entre as quais O Tempo e o Vento, baseada na obra de Érico Veríssimo, para a TV Excelsior de São Paulo. Além de peças populares, criou diversas obras de concerto ainda inéditas, entre solos, duos, trios, música de câmara com violão e piano, e composições para voz e piano. Deixou escritos cerca de 20 arranjos de obras populares para flauta, em agrupamentos de duos, trios e quartetos.