Acervo

Autores

Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX

Nicanor Teixeira

Teixeira, Nicanor de Araújo
  • Compositor
  • ∙ Violonista

Quinto de sete irmãos, Nicanor cresceu ouvindo os violeiros que passavam pela rua, no rumo das festas de Bom Jesus da Lapa. Aos 9 anos, recebe de seu pai um cavaquinho de presente. Interessado em música, assistia pela janela às aulas dadas por João Sátiro a um vizinho. Um dia, desafiado por Sátiro a mostrar o que aprendera, o jovem mostra que assimilara muita coisa. Aos 12 anos ganha então seu primeiro violão, que aprende a tocar sozinho, estudando pelo método de Américo Jacomino, o Canhoto. Aos 13 anos, já tocava em bailes e festas da sua cidade.

Em 1948, vai para o Rio de Janeiro e, entre os anos de 1951 e 1954, aprende a ler música com Dilermando Reis, em cuja Orquestra de Violões tocará mais tarde. Em 1952, conquista o prêmio acumulado no programa de calouros de Ary Barroso e, em 1955, larga o comércio para dedicar-se exclusivamente ao violão. Leciona no Conservatório Musical do Rio de Janeiro, no Instituto Brasileiro de Cultura e Música e no Conservatório Brasileiro de Música. Conhece Turíbio Santos e Oscar Cáceres, que se torna seu amigo e lhe empresta o smoking para sua estréia como concertista, em 1958. Também conhece Hermínio Bello de Carvalho, que o chama para acompanhar Zé Kéti, Clementina de Jesus, Ismael Silva e Aracy de Almeida em série de shows.

No começo dos anos 1960, um problema na mão direita o obriga a interromper a carreira de violonista, fazendo com que voltasse a trabalhar no comércio. Mesmo assim, continua lecionando durante a noite. No final dessa década, é indicado por Hermínio Bello de Carvalho para professor da Academia de Violão Duarte Costa, em Lisboa, convite que acaba recusando, por estar de casamento marcado. De 1974 a 1976, faz várias apresentações com seus alunos na ABI. Em 1977, grava O violão brasileiro de Nicanor Teixeira, reunindo obras suas e interpretações para clássicos como Sons de carrilhões, de João Pernambuco e Magoado, de Dilermando Reis.

Com peças editadas no Brasil, na França e Alemanha, Nicanor escreveu várias obras especialmente para o Quarteto Carioca de Violões - dentre elas Mariquinhas duas covas, um clássico do repertório das orquestras de violões. A partir dos anos 1980, compôs bastante em parceria com a poeta Márcia Jacques. Sua obra continua sendo tocada por grandes intérpretes do violão brasileiro e internacional. Em 1998, o violonista Cláudio Tupinambá grava dele o Cateretê das Farinhas e o Estudo nº 2. Em 2000, Afonso Machado (bandolinista e arranjador) e Bartholomeu Wiese (violonista), ambos do conjunto Galo Preto, produzem um CD inteiro com músicas de Nicanor interpretadas pelo próprio compositor e também por violonistas e instrumentistas de várias gerações, como Turíbio Santos, Egberto e Alexandre Gismonti, Guinga, Jodacil Damasceno, Marcos Llerena, Luiz Otávio Braga e muitos outros.

Data detalhada de nascimento

01.06.1928

Fonte de pesquisa

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB - A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012. ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006. AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014. AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. BARBOSA, Valdinha e DEVOS, Anne Marie. Radamés Gnattali - O eterno experimentador. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. CABRAL, Sérgio. Elisete Cardoso - Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D. CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965. COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002. EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Funarte, 1978. EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982. MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999. MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2000. MÁXIMO, João. Paulinho da Viola - sambista e chorão. Rio de Janeiro: Série Perfis do Rio, 2002. SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora 34, 1997. TAUBKIN, Myriam (org.) - Um Sopro de Brasil. Projeto Memória Brasileira, 2006. Verbetes redigidos por Maria Luiza Kfouri TAUBKIN, Myriam (org.) - Violões do Brasil. Textos de Maria Luiza Kfouri. 2ª edição: Editora SENAC, São Paulo, Edições SESCSP, 2007 TINHORÃO, José Ramos. Música popular - teatro e cinema. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1972. VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Natural

Barra do Mendes - BA