Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Sivuca
Oliveira, Severino Dias de
- Acordeonista
- ∙ Arranjador(a)
- ∙ Compositor
- ∙ Pianista
- ∙ Violonista
Sivuca nasceu numa família de pequenos lavradores, na área rural de Itabaiana, lugarejo sem rádio nem eletricidade. Sem músicos na família, Sivuca narra a entrada da música em sua vida de forma curiosa: "- (...) foi num dia de Santo Antônio, 13 de junho de 1939, quando meu pai trouxe pra meu irmão uma sanfona de 2 baixos, um pote cheio de mangaba e um filhote de gato no bolso do casaco. Era uma terça-feira. Aí eu comecei a tocar e não larguei mais."
Seus primeiros estudos musicais acontecem na União de Artistas e Operários, onde toma contato com o mestre de banda da cidade. Em pouco tempo, seu evidente talento acaba conduzindo-o para Recife, onde, aos 15 anos, é contratado pela Rádio Clube de Pernambuco. Começa a aprender teoria musical com o clarinetista da sinfônica e, três anos depois, estuda harmonia e orquestração com o maestro fluminense Guerra-Peixe, que então vivia na capital pernambucana. Em 1951 gravou seu primeiro 78 rpm, na Continental, interpretando dois choros: Tico-tico no fubá e Carioquinha no Flamengo. Inicia-se ali uma longa parceria com a cantora Carmélia Alves, que o levou a conhecer vários estados brasileiros, até se fixar no Rio de Janeiro.
Um segundo momento profissional inicia-se em 1958, quando participa de uma caravana de músicos brasileiros pela Europa. A partir daí, torna-se cidadão do mundo, passando praticamente 18 anos fora do Brasil. Nos tempo em que viveu entre a Europa e os EUA, colaborou com dezenas de músicos estrangeiros, fazendo direção musical da cantora sul-africana Miriam Makeba e do cantor americano Harry Belafonte. A sua volta ao Brasil, em 1976, é marcada por uma série de trabalhos com a esposa e letrista Glorinha Gadelha, participação em inúmeros discos, e retornos esporádicos à Europa para gravações, turnês, apresentações em televisão e festivais de jazz. A lista interminável de músicos e cantores brasileiros com os quais gravou inclui Airto Moreira, Baden Powell, Luiz Eça, Sebastião Tapajós, Hermeto Pascoal, Clara Nunes, João do Vale, Moraes Moreira e Nara Leão, entre tantos outros. Em um novo momento, passa a dedicar-se aos arranjos e à composição de peças eruditas baseadas em temas nordestinos para orquestras sinfônicas e grupos de câmara. Além do Concerto Sinfônico para Asa Branca, grava mais sete obras eruditas em seus últimos CDs.
Com cerca de 150 músicas gravadas, seus três maiores sucessos são Adeus, Maria Fulô, João e Maria (parceria com Chico Buarque) e Feira de Mangaio, esta composta com a esposa Glorinha Gadelha, letrista da maioria de suas obras. Embora a sanfona tenha sido seu instrumento principal, Sivuca tocava violão, guitarra, piano e percussão. Improvisador sofisticado, capaz de se expressar em gêneros tão distintos quanto o baião, a bossa nova, o jazz, a música erudita e o choro, Sivuca foi um dos pioneiros na criação de uma linguagem brasileira para a sanfona, que, em suas mãos, ia além da tradição italiana ou da música folclórica brasileira.