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Autores

J. Cascata

Nunes, Álvaro
  • Cantor
  • ∙ Compositor

J. Cascata (Álvaro Nunes), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 23/11/1912 e faleceu em 27/1/1961. Filho de Álvaro Nunes e Leonor Neves Nunes, nasceu no bairro de Vila Isabel, tendo crescido em ambiente musical, pois os irmãos tocavam e o pai cantava. A casa era frequentada por cantores e instrumentistas amigos da família, como Pedro Galdino, Pedro Flauta e o bombardino José Seixas, entre outros.

Em 1919, quando contava sete anos de idade, mudou-se com a família para o bairro de Abolição, perto do Méier e no ano seguinte ingressou na escola pública. Gostando muito de música, aos dez anos já fazia suas primeiras tentativas como compositor, época em que também começou a interessar-se em aprender violão.

Em 1929, com a morte do pai, teve que arranjar emprego para auxiliar no sustento da família. Foi então convidado por um amigo a integrar como cantor o Conjunto Grupo do Mato, do qual faziam parte Luís Bernardes, Newton Teixeira, Valzinho, Euclides Lemos e Luís Bittencourt, entre outros. No entanto, insatisfeito com a posição de cantor no grupo musical, sentiu necessidade de tocar algum instrumento. Decidiu-se então a aprender violão com Jorge Seixas, que residia no subúrbio do Rocha, e para custear as aulas trabalhava como jogador no Carioca Futebol Clube, da Gávea.

Nessa época, resolveu mostrar ao professor de violão uma marcha-rancho que havia composto e que imediatamente agradou a Seixas e seus amigos. Sem ter um nome, a música transformou-se em grande sucesso no Carnaval de 1929, ficando conhecida como a "música do Cascata", apelido que lhe haviam dado em criança.

A partir de então, já conhecido como Cascata, aumentou muito seu círculo de amizades, frequentando as rodas de samba, onde cantava e tocava ao lado de Noel Rosa, João Petra de Barros, Lamartine Babo e Ary Barroso, entre outros.

Recebeu convite de Cristóvão de Alencar para apresentar-se em rádio, estreando em 1931, ainda como Álvaro Nunes, no programa de Manuel Barcelos, da Rádio Cajuti. Logo depois, foi para a Rádio Clube do Brasil, de onde passou para a Rádio Philips, atuando no programa Horas do Outro Mundo, ao lado de Leonel Azevedo, que viria a ser seu grande parceiro. Por essa época, resolveu adotar um pseudônimo, e como já era chamado de Cascata pela família e conhecidos, só acrescentou o J, tornando-se J. Cascata.

Em meados de 1935, teve suas primeiras composições gravadas por Orlando Silva, seu grande amigo e vizinho, o samba Para Deus somos iguais (com Jaime Barcelos), na Victor, e a valsa O teu olhar, gravada por João Petra de Barros na Odeon. Em agosto do mesmo ano, ainda na Odeon, Sílvio Caldas gravou uma composição sua, que vinha alcançando sucesso em rádio pela voz de Luís Barbosa, o samba Minha palhoça.

Já considerado como um dos maiores compositores da época, deixou, com Leonel Azevedo, o programa Horas do Outro Mundo, transferindo-se para Hora Sertaneja, de Renato Murce, na mesma Rádio Philips. Nesse programa, passou a ser-lhes exigido que cantassem músicas de sua própria autoria, exigência responsável por uma das maiores duplas de compositores brasileiros. Em fins do mesmo ano, suas duas primeiras músicas, Mágoas de caboclo e História joanina foram apresentadas, tornando-se rapidamente conhecidas, assim como seus autores.

Em maio de 1936, Orlando Silva gravou-as pela Victor, além do samba Tristeza (com Cristóvão de Alencar). Mágoas de caboclo voltaria a ser gravada por Orlando Silva em 1942.

Em março de 1937, o mesmo cantor gravou mais duas composições da dupla que obtiveram grande êxito, o samba Juramento falso e a valsa Lábios que beijei, lançados em maio daquele ano. Já marcada pelo sucesso, a dupla lançou sua primeira composição carnavalesca, a marcha Não pago o bonde, gravada por Odete Amaral, em julho de 1937, para o Carnaval do ano seguinte. Nessa época, frequentava meios artísticos e de sambistas cariocas, mas seus principais encontros aconteciam no quartel-general dos músicos de então, o Café Nice.

Temporariamente afastado de seu parceiro Leonel, compôs com Antônio Almeida, Bide, Sá Róris e Nássara, tendo feito grande sucesso em fins de 1938 com o samba-canção Meu romance, gravado por Orlando Silva. No mesmo ano, voltou à parceria com Leonel, que se manteve até 1940 com a mesma qualidade musical, embora não obtendo o sucesso anterior. Dessa fase só se destacaram Quem foi?, gravado por Carlos Galhardo em 1939, Quero voltar aos braços seus, lançado em disco por Orlando Silva no ano seguinte, e Símbolo sagrado, gravado por Sílvio Caldas ainda em 1940. Contudo, compondo separadamente com outros parceiros, tanto um como o outro obtinham sucesso, o que os afastou profissionalmente.

Em 1941, um dos maiores sucessos foi o seu samba Lágrimas de homem, gravado em março por Orlando Silva, tendo também alcançado êxito com Santo Antônio amigo (com Marino Pinto e Zé da Zilda), lançado em disco por João Petra de Barros.

Em 1942 e 1943, passou a dedicar-se somente ao seu clube de danças, em Irajá, e ao seu cargo de funcionário do Departamento de Saúde Pública. Como compositor, reapareceu em 1944 com o samba Não serás feliz, gravado por Orlando Silva na Odeon e, dois anos depois, pela mesma gravadora e cantor Ela vai voltar (com Leonel Azevedo).

Daí em diante, o cenário musical do país passou por modificações marcadas pelo baião e pelo bolero. Não mais como compositor, reapareceu mais tarde no Conjunto da Velha Guarda, reorganizado por Almirante em 1954 e com o qual gravou como cantor e ritmista dois LPs, pela Sinter. Apresentou-se ainda com o conjunto na boate Casablanca, época em que quase não compunha mais, datando suas últimas músicas, gravadas por Orlando Silva na Copacabana, dos anos de 1952 a 1954.

Reapareceu como compositor em 1955, com o hino Bem-vindos, congressistas (com Murilo Caldas), para a recepção aos participantes do Congresso Eucarístico Mundial, realizado em janeiro daquele ano no Rio de Janeiro. No ano seguinte o cantor Carlos Augusto lançou pela Sinter o LP J. Cascata e Leonel Azevedo na interpretação de Carlos Augusto.

Na última fase de sua vida, dedicou-se ao trabalho de assistente de direção artística da gravadora Sinter e, a seguir da Prestige, hoje extinta. 

Nascimento

1912

Data detalhada de nascimento

23.11.1912

Morte

1961

Data detalhada de falecimento

27.01.1961

Natural

Rio de Janeiro - RJ