Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Proveta
Azevedo, Nailor Aparecido
- Arranjador(a)
- ∙ Clarinetista
- ∙ Compositor
- ∙ Saxofonista
Nailor Proveta nasceu ao som dos instrumentos que seu avô e seu pai tocavam. O primeiro era acordeonista e tocava choros e valsas. Seu pai, Geraldo Azevedo, toca, além do acordeom, clarinete, saxofone tenor, teclados e órgão. Seu Geraldo animava bailes no interior, nos quais o filho o acompanhava.
Suas lembranças musicais mais antigas são as primeiras aulas na Prefeitura Municipal de Leme, o belo jardim onde aconteciam os ensaios da banda da cidade, duas vezes por semana, e as aulas de música com o maestro Hary Bacciotty.
O músico recorda-se, ainda, dos primeiros festivais no interior de São Paulo, dos quais participava com a banda: Piracicaba, Rio Claro, Araras, Porto Ferreira, Descalvado e Santa Rita do Passa Quatro, com repertório de dobrados, valsas, maxixes e trechos de ópera.
Nailor Proveta começou a estudar música aos sete anos de idade tocando com seu pai e estudando teoria e solfejo musical nas aulas da prefeitura."Comecei estudando saxofone alto com o maestro Hary Bacciotty, e usávamos "Método Completo de Saxofone" (Ed. Irmãos Vitale), de Amadeu Russo, e "Método Completo pra Divisão Musical (Ed.Irmãos Vitale), de Pascoal Bona. Além desses livros, fazer anotações num caderninho de música era parte do nosso dia-a-dia."
De tudo o que aprendeu, duas habilidades desenvolvidas lhe foram especialmente úteis e lhe serviriam para o resto da vida: a desenvoltura em leitura musical e o exercício da percepção, praticados com as duas figuras mais importantes de sua formação, seu pai e o maestro da banda. "Tinha aula de leitura na banda e tocava ao lado dos músicos daquela época; portanto, fazia prática de grupo já desde cedo. Ao mesmo tempo, tinha aulas de percepção com meu pai. Toda quinta-feira, desde os meus oito ou nove anos, aprendia uma música nova. Grande parte desse repertório que ele me passava era de choros e valsas.
Às vezes ouvíamos e tirávamos alguns choros de Luiz Americano ou de Domingos Pecci, e meu pai também começou a me estimular a tirar solos de discos dos quais eu gostava: pegava um papel e tirava aquilo ali, com lápis, borracha, ia tirando os solos, até que comecei a tirar os arranjos, pequenos arranjos pra grupos, para saxofone, trompete, ou saxofone, trompete e trombone, aquelas formações para grupos de baile. Fiz muito isso quando eu tinha nove, dez anos de idade, fazendo bailes com meu pai e com outros grupos.
Logo em seguida, já escrevia uns arranjos para a banda de Leme. O primeiro arranjo que escrevi foi de um samba, não me lembro exatamente qual, mas foi uma experiência maravilhosa. Tudo isso foi muito útil e foi muito agradável, junto com meu pai e com o maestro Hary Bacciotty. Era uma forma muito disciplinada já na época, mas muito agradável, porque tinha a prática da música, as teorias, o solfejo, a prática em grupo e, ao mesmo tempo, eu saía com meu pai pra fazer os bailes e aplicar um pouco do repertório que ele me ensinava."
Outro aprendizado importante recebido de seu pai diz respeito à improvisação: "Ele falava assim: ‘para improvisar, você deve sempre pensar numa outra melodia, mas que não fique tão distante da melodia original.’ Isso eu busco até hoje, e foi esse outro fundamento agradável e útil que ele me passou."
Para Nailor Proveta, muito pouco daquilo que aprendeu deu-se de forma autodidata. "Sempre fui muito bem orientado, sempre tinha gente ao meu lado, sempre estudei muito e fui muito disciplinado. Talvez eu tenha descoberto, por exemplo, como tirar uns solos, como ir memorizando os sons, os acordes, sem necessariamente pegar num instrumento. Até hoje nunca precisei usar instrumento para fazer arranjos, para escrever, para compor uma música. De tanto ler, pensar em música quando criança, tocar com meu pai ouvindo os sons da banda, ouvir os discos, tirar, escrever e transcrever solos, não só de um instrumento, mas de vários... talvez isso tudo tenha me ensinado a ouvir vários sons ao mesmo tempo. Quando cheguei em São Paulo, não sabia tecnicamente o campo harmônico, ou seja, onde estão os graus, como eram tecnicamente chamados os acordes, mas sonoramente eu já sabia ouvir aqueles acordes, como uma forma de percepção autodidata."
Dos diversos músicos que foram importantes em sua formação, Proveta destaca, primeiramente, seu pai, Geraldo Azevedo, os músicos com quem conviveu à época e Laércio de Freitas, o "Tio", como é chamado no meio musical. Recorda-se do tempo em que, aos 16 anos, tocava num conjunto de baile de Valinhos (SP) chamado "Banda do Brejo", no qual conheceu o pianista. "Fiquei muito feliz porque era a primeira vez que eu tocava ao lado de um grande músico, eu não sabia que seríamos muito amigos e que ele participaria de vários outros projetos comigo e com quem eu aprenderia até hoje."
Outros dois músicos que se tornaram seus amigos e participaram de sua formação de modo decisivo são Edson Alves e Maurício Carrilho. "São pessoas com quem tenho tocado, músicos que me dão muita direção e muito prazer de tocar.