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Antonio Rago

Rago, Antonio
  • Compositor
  • ∙ Violonista

Nascido no tradicional bairro da Bela Vista - mais conhecido como "Bixiga" -, filho de calabreses, Antonio Rago se apaixonou pelo violão em 1924, quando tinha apenas oito anos. Na ocasião, a cidade de São Paulo envolvera-se numa revolução contra as forças do governo federal. Para distrair a família Rago, que estava escondida no porão da modesta casa em que viviam no Bixiga, um amigo tocava o violão. O menino, carinhosamente chamado de "Raguinho", assistia o rapaz com os olhos brilhando. Tomou gosto pelo instrumento e logo passou a fazer aulas. Aos poucos, começava a tocar entre amigos e em festas, apesar do preconceito social da época, pois segundo ele mesmo dizia, "antigamente violonista tinha fama de vagabundo, malandrão".

Para que se quebrasse o preconceito, foi preciso que muitos artistas demonstrassem a exuberância do instrumento, e um deles foi Antonio Rago, que persistiu em seu propósito. O primeiro contrato profissional veio somente em 1935, pela Rádio Cultura de São Paulo, atual Rádio Gazeta. No ano seguinte, quando tinha apenas dezenove anos, ele e o cantor Arnaldo Pescuma foram convidados a fazer uma temporada na Argentina. A primeira viagem internacional foi o início de uma carreira gloriosa. Na Rádio Belgrano, de Buenos Aires, Rago ficou por mais de um ano e atuou junto com grandes artistas da música argentina, como Libertad Lamarque e Mercedes Simone. Ganhou, por essa época, o epíteto de "Mago do Violão".

Mas foi a partir dos anos 40, quando foi convidado para comandar o regional da Rádio Tupi de São Paulo, que o violonista fez história. "Rago e Seu Regional" foi um dos maiores conjuntos de São Paulo. Apresentava choros, boleros e acompanhava cantores. O grande diferencial era o violão elétrico de Rago, que afirmava ter sido o introdutor do instrumento no Brasil. Foi, sem dúvida, o seu maior divulgador. Além do violão elétrico de Rago, o conjunto possuía uma excelente formação: Esmeraldino Salles no cavaquinho, Orlando Silveira no acordeom e Siles na clarineta, entre outros lendários instrumentistas. "Rago e Seu Regional" conquistou em 1950 o cobiçado troféu Roquete Pinto, que era dado aos melhores do rádio. Para não se duvidar da competência do conjunto, basta lembrar que os maiores artistas do Brasil cantaram com "Rago e Seu Regional": nomes como Orlando Silva, Silvio Caldas, Isaurinha Garcia, Carlos Galhardo e a dupla Cascatinha e Inhana.

E foi também o regional de Rago que acompanhou o célebre cantor Francisco Alves na sua última apresentação, realizada no Largo da Concórdia, em São Paulo, na noite de 26 de setembro de 1952. No dia seguinte, como a história conta, o "Rei da Voz" partiu rumo ao Rio de Janeiro com seu Buick preto pela Rodovia Presidente Dutra e foi surpreendido por um caminhão que entrou na contramão, morrendo tragicamente. Rago contava que tentou convencer o cantor a não viajar para o Rio, pois havia um novo show marcado em São Paulo dois dias depois. Mas, de acordo com o violonista, Chico Alves era teimoso, e se foi para nunca mais voltar.

Ainda nos anos 50, Antonio Rago participou da inauguração da TV Tupi, tornando-se o primeiro violonista da América Latina a atuar na televisão. Ele dirigiu o primeiro programa musical da emissora, "Encontro Musical Aliança", que contava com a então somente cantora Hebe Camargo, além dos convidados que variavam a cada semana.

Depois que o seu regional se desfez, Rago passou a se apresentar como solista de violão, onde lançou vários discos interpretando obras de grandes violonistas como Américo Jacomino, seu maior ídolo, além de composições próprias. Criou e passou a apresentar então o programa radiofônico "Um cigarro, um violão", que foi transmitido por várias emissoras do estado de São Paulo. Até pouco tempo antes de ficar debilitado, continuava se apresentando na Rádio Atlântica de Santos, onde possuía um programa semanal.
 

Data detalhada de nascimento

02.07.1916

Fonte de pesquisa

http://www.samba-choro.com.br/

Natural

São Paulo - SP