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Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Cinira Polônio
Polônio, Cinira
- Pianista
- ∙ Compositora
- ∙ Maestrina
- ∙ Atriz
- ∙ Dramaturga
- ∙ Empresária
Filha única do casal de imigrantes italianos Marriale e Marieta Polônio, nasceu em uma casa na rua do Ouvidor que se tornaria o estabelecimento comercial O Grão-Turco, de propriedade de seus pais. Ainda jovem, revelando-se pianista virtuosa e compositora, aperfeiçoou seus estudos de música e canto na Europa, para onde foi com o pai. A partir de 1886, de volta ao Brasil, começou a destacar-se, integrando o elenco de espetáculos do teatro musicado, como na opereta A Canção de Fortúnio de Offenbach, e nas revistas O Carioca, Mercúrio e O Homem, de Artur Azevedo e Moreira Sampaio. Dois anos depois transferiu-se para Portugal, onde permaneceu por 12 anos, conquistando grande prestígio como atriz nos principais teatros de Lisboa. Tornou-se empresária, atividade que passou a exercer no Brasil a partir de 1900, quando retornou da Europa já como artista consagrada. Em 1908 foi responsável pela introdução do espetáculo por sessões, reconquistando o público dos teatros da praça Tiradentes. Querida e admirada pelo público pela sua inteligência, cultura e educação, Cinira foi chamada de “divette” por estar sempre elegantemente apresentada à moda francesa. Além de continuar atuando como atriz e compositora, organizou sua própria companhia de teatro realizando montagens de vaudevilles, comédias, revistas e burletas. Entre suas atuações destacam-se as da revista Cá e Lá de Tito Martins e B. de Gouveia, em 1904, em que interpretou 12 personagens e compôs sete dos 48 números musicais do espetáculo, que também incluía o famoso Corta-Jaca de Chiquinha Gonzaga, e a da burleta Forrobodó em 1912, marco na história do teatro brasileiro, com música de Chiquinha e libreto dos novatos Luís Peixoto e Carlos Bittencourt, em que interpretou o papel da prostituta francesa Madame Petit-Pois. No final desse mesmo ano lançou no Cine-Teatro Rio Branco a burleta Nas Zonas, de sua autoria e música de Paulino Sacramento, época em que começou a lutar pela defesa dos direitos do autor teatral. A pesquisadora-atriz Ângela Reis publicou em 1999 o livro Cinira Polônio, a divette carioca: estudo da imagem pública e do trabalho de uma atriz no teatro brasileiro da virada do século, premiado pelo Arquivo Nacional, no qual analisa a forma surpreendente como Cinira Polônio soube construir uma imagem de respeitabilidade em uma época onde as mulheres, especialmente atrizes, eram discriminadas pela sociedade carioca.