Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Canhoto da Paraíba
Araújo, Francisco Soares de
- Compositor
- ∙ Violonista
Francisco Soares - o Canhoto da Paraíba - começou tocando sinos, como sacristão. De família musical e tendo aprendido alguns rudimentos de teoria, diz-se que neles executava o frevo Vassourinhas. Embora seu pai desejasse que ele tocasse clarineta (como seu avô, que era mestre de banda da cidade), na falta do instrumento em casa ele começou a tocar no violão do pai aos 12 anos, deitando o instrumento sobre as pernas na posição inversa, sem inverter o encordoamento. Quando ganhou seu próprio violão, aos 16 anos, já havia desenvolvido toda a sua técnica de tocar ao contrário, e nela se manteve, sempre como autodidata. Da mesma forma passou a tocar cavaquinho e bandolim.
Dirigiu por cinco anos seu primeiro regional na Rádio Tabajara, em João Pessoa, PB, acompanhando músicos e cantores locais, além de grandes nomes nacionais em excursão pelo Nordeste. Mas, como acontecia com muitos chorões, Canhoto não vivia apenas de música, mantendo durante quase toda a vida um emprego administrativo em Recife, cidade onde passa a viver a partir de 1958. É em Recife que grava seu primeiro disco em 1968, participa regularmente de programas na Rádio Jornal do Comércio e se apresenta em shows locais.
Levado por músicos como o bandolinista Rossini Ferreira, seu nome corre o país e Canhoto, convencido por amigos, faz uma rápida excursão ao Rio de Janeiro onde, hospedado na casa de Jacob do Bandolim por cerca de duas semanas, convive e toca com Pixinguinha, Radamés Gnattali, Tia Amélia, Dilermando Reis e um jovem Paulinho da Viola. De volta a Recife, ajuda a fundar o Clube do Choro da cidade onde desenvolve toda a sua carreira musical, conciliando a vida burocrática, o rádio, as rodas de choro, as gravações e excursões periódicas pelo Brasil.
Conhecido por gostar da velocidade, seu disco O Violão Brasileiro tocado pelo avesso, de 1977, é conhecido também como Canhoto a mais de mil. Com uma obra formada por choros, valsas e temas de natureza nordestina, Canhoto é autor de cerca de 70 composições, todas elas instrumentais. Entre elas, Com mais de mil, Tua imagem e Visitando o Recife são as mais gravadas.
Em 1971, Paulinho da Viola dedica a ele o choro Abraçando Chico Soares. Em 2004, é a vez do violonista Fernando Caneca lançar pela Deckdisc o CD Visitando Canhoto da Paraíba, todo dedicado à sua obra. Já em 2010, o Trio de Câmara (formado por Caio César, Pedro Amorim e Alessandro Valente) lança o CD Saudades de Princesa, também dedicado à obra do violonista, com arranjos especialmente criados para as suas refinadas melodias.