Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Carlos Poyares
Poyares, Carlos Câncio
- Compositor
- ∙ Flautista
Nascido numa família de músicos eruditos (avô maestro, pai violinista, mãe e tio flautistas), Carlos Poyares cresceu ouvindo os saraus de sábado em sua casa. Aos 6 anos, enquanto todos tocavam, ia para o porão com sua flautinha de lata e ficava tentando repetir as músicas que a mãe executava na transversa. Mas, como o menino sempre gostou mais de música popular, logo lhe tomaram e esconderam a flautinha. Daí em diante, é ele mesmo quem conta: "- Roubei de volta a flautinha, fiz uma apresentação de calouro em um circo, e ganhei o primeiro lugar. O dono do circo, por brincadeira, me convidou para ir embora com eles. Eu acreditei e embarquei no caminhão do circo. Acordei no Rio de Janeiro."
A vida no circo durou até os 19 anos. Depois, fez uma passagem pelo teatro e mais tarde pelo cinema – Poyares foi ator e músico em 9 filmes nas décadas de 1940 e 1950. Nesse meio tempo, por pressões familiares, chegou a abandonar a carreira artística para estudar engenharia em Vitória. Mas, tão logo terminou a faculdade, entregou o diploma e voltou para o Rio de Janeiro em 1953, onde entrou para o conjunto de Waldir Azevedo, na Rádio Clube do Brasil e, posteriormente, para o Regional de Rogério Guimarães, que se apresentava na Rádio e TV Tupi.
Entre Rio e São Paulo, seguiu atuando em emissoras até ser convidado, em 1957, para substituir Altamiro Carrilho no Regional do Canhoto, o mais famoso do Brasil. Além da intensa atividade de gravação e shows acompanhando outros artistas, o regional era contratado da Rádio Mayrink Veiga, onde se apresentou até 1964, quando a rádio foi fechada pelo regime militar. Tachado de esquerdista e preterido em algumas oportunidades, participou do show O samba pede passagem, no Teatro Opinião, do Rio de Janeiro – local conhecido como núcleo de resistência cultural aos militares – com Aracy de Almeida, Ismael Silva, Sérgio Ricardo e o recém-formado MPB-4. Foi um dos flautistas mais requisitados por cantores e músicos, tendo gravado com Tom Jobim, Dolores Duran, Sílvio Caldas e Jackson do Pandeiro, entre outros.
Em 1965, no ápice de sua carreira, lança pela Philips o LP Som de prata em flauta de lata, no qual tocava choros em sua velha flautinha. Em seguida, retorna a Vitória e viaja para a Europa, de onde só retorna em 1972. Nas décadas de 1970 e 1980, mora principalmente em São Paulo, onde grava sete LPs, ajuda a consolidar o Clube do Choro e funda a Escola de Música da Faculdade de Penápolis. Muda-se para Brasília no início da década de 1990, participando então de diversas missões culturais pela América Latina, Europa e Ásia, tendo sido um dos músicos brasileiros que mais divulgaram o choro no exterior. Sua extensa discografia vai do 78 rpm ao CD, geralmente como acompanhante ou membro de regionais. Praticamente não existem músicas gravadas de Carlos Poyares. Em seu único CD autoral, Uma chorada na casa do Six, podem ser ouvidas quatro composições suas.