Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Garoto
Sardinha, Aníbal Augusto
- Arranjador(a)
- ∙ Bandolinista
- ∙ Banjista
- ∙ Compositor
- ∙ Violonista
- ∙ Cavaquinista
De família portuguesa e muito musical (o pai tocava guitarra portuguesa e violão, um dos irmãos tocava banjo, outro era violonista e cantor), Garoto era o único brasileiro dos irmãos. Aos 11 anos já se apresentava ao banjo no Regional Irmãos Armani e aos 12 fazia parte do Conjunto dos Sócios, liderado por um dos seus irmãos. Aos 18 anos, inicia estudos formais de violão clássico com Atilio Bernardini e, em 1937, ingressa no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo para estudar harmonia e composição. A fase de profissionalização intensifica-se em 1931, quando entra para a Rádio Educadora Paulista tocando cavaquinho e bandolim. No final de 1934, adota o nome artístico e excursiona em dupla com o violonista Aymoré, tocando em clubes e circos. Em 1936, passa a atuar com Laurindo Almeida, formando o Duo do Ritmo Sincopado, e cria ainda o Conjunto Cordas Quentes.
Mas a grande guinada em sua carreira profissional acontece em 1939, com o convite para integrar o Bando da Lua acompanhando Carmen Miranda numa temporada de oito meses nos Estados Unidos. Ali Garoto trava contato com a era de ouro das big bands, o advento da guitarra elétrica e os primeiros passos do bebop. Em 1940, de volta ao Brasil, forma logo o primeiro de seus diversos grupos - Garoto e seus Garotos -, com o qual grava discos e acompanha cantores na Rádio Nacional. Passa a estudar com Radamés Gnattali, logo integrando suas orquestras e conjuntos. Toca com Tom Jobim, João Donato e Luiz Eça, cria o Bossa Clube e o Clube da Bossa. Também passa a fazer dupla constante com a pianista Carolina Cardoso de Menezes, gravando diversos 78 rpm, entre 1942 e 1946.
Em 1951, integra também o Trio Surdina (que ainda não tinha esse nome), com Chiquinho ao acordeom e Fafá Lemos ao violino. Os principais discos do trio são lançados em 1953, com destaque para a gravação de Duas Contas – uma das raras letras de Garoto, totalmente sem rimas. Nesse mesmo ano, estreia o Concertino nº 2 para violão e orquestra de câmara (obra que Radamés lhe dedica), levando pela primeira vez o violão brasileiro ao Teatro Municipal.
Com domínio de vários instrumentos de cordas (violão acústico, violão elétrico, violão tenor, banjo, contrabaixo, violoncelo, guitarra havaiana, guitarra portuguesa, cavaquinho e bandolim), Garoto também tocava piano, foi arranjador e transitava com facilidade pelos repertórios do choro, da canção popular, do jazz e da música clássica. Deixou escritos alguns métodos simples e pioneiros para violão, violão tenor, bandolim, banjo e cavaquinho, que se encontram à venda até hoje. Como compositor deixou muitas peças instrumentais e também sambas, sambas-canções, boleros, fox-trots, choros, baiões e xaxados. Suas últimas gravações são a Valsa do adeus e Mazurka, de Chopin, feitas em 1955, ano em que morre precocemente, aos 39 anos.