Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Luperce Miranda
Miranda, Luperce Bezerra Pessoa de
- Bandolinista
- ∙ Cavaquinista
- ∙ Compositor
- ∙ Pianista
- ∙ Violeiro
- ∙ Violonista
Na casa de Luperce a música era cotidiana: seu pai tocava piano, violão e bandolim, e cada um de seus dez irmãos também tocava algum instrumento. Luperce já começa pelo bandolim, aos oito anos, mas o convívio diário com a música acaba o aproximando também de outros instrumentos, como cavaquinho, guitarra portuguesa, viola caipira, violão tenor e piano.
Sua carreira inicia-se na década de 1920, quando começa a tocar em grupos vocais sertanejos de Recife. Foi justamente acompanhando um desses grupos - o Voz do Norte - que Luperce veio para o Rio de Janeiro. Em 1928, faz as suas primeiras gravações como solista de bandolim e cavaquinho, executando cinco composições suas. Em 1936, entra para a Rádio Mayrink Veiga, iniciando uma atuação quase contínua nas rádios, encerrada apenas com sua aposentadoria da Rádio Nacional em 1973. Em 1946 volta a morar em Recife, onde continua a se apresentar e trabalhar em rádio. Nesse período dá muitas aulas e torna-se um dos grandes estimuladores do choro nordestino. No retorno ao Rio de Janeiro, em 1955, começa a gravar LPs. É considerado um dos músicos que mais gravaram no Brasil, contabilizando cerca de 700 gravações. Foi professor de Déo Rian, Evandro do Bandolim e muitos outros. Em 1955 cria a Academia Luperce Miranda, na cidade de Nilópolis, Rio de Janeiro, onde, até o fim da vida, se dedica ao ensino de instrumentos de cordas.
Apreciador dos andamentos rápidos, Luperce se manteve um músico refinado, com belos fraseados e soluções harmônicas criativas. Precursor do bandolim solista, foi um dos criadores da linguagem e da técnica brasileira do instrumento. Teve presença significativa na evolução do samba e do choro, acompanhando praticamente todos os grandes cantores e músicos brasileiros de seu tempo. Inicialmente compondo músicas sertanejas e regionais (a embolada Pinião é seu maior sucesso nesse gênero), no início da década de 1930 passa a compor choros, frevos e valsas. De sua obra instrumental, as peças mais conhecidas são Picadinho à baiana, Reboliço e Segura o dedo. Considerando o volume de sua obra – cerca de 500 composições – Luperce gravou poucos discos próprios, com a maior parte de suas gravações registrada em 78 rpm. Em 1995, Pedro Amorim lançou pelo selo Saci o CD Pedro Amorim toca Luperce Miranda , totalmente dedicado à obra do mestre pernambucano.