Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Meira
Florence, Jaime Tomás
- Compositor
- ∙ Violonista
A música fazia parte da família de Meira, que teve em Robson, irmão mais velho, seu único professor. Sua escola artística se fez na convivência com grandes nomes da cena musical de Recife, intensa naquele início do século XX. Em 1927, Meira integra com seu irmão o conjunto Voz do Sertão, de Luperce Miranda. Em 1928 partem para o Rio de Janeiro onde Meira inicialmente mora na companhia de seu conterrâneo João Pernambuco. Também foi vizinho de Noel Rosa, com quem participava de apresentações na Casa de Caboclo. Na capital carioca, Meira integra o regional de Benedito Lacerda (mais tarde rebatizado Regional de Canhoto), participando de centenas de gravações - especialmente com Jacob do Bandolim -, e acompanhando muitos dos grandes cantores da época. Entre 1941 e 1949, Meira manteve uma dupla instrumental com Dilermando Reis, com quem gravou diversos discos em 78rpm.
Professor de grandes violonistas, entre eles Baden Powell e Raphael Rabello, sua metodologia madura incluía o uso de livros tradicionais e o estímulo da disciplina e da técnica, mas também as sessões em grupo, quando os alunos eram desafiados a tocar e acompanhar de improviso, buscando expressão própria. Exímio violonista, versado no cavaquinho e no bandolim e excelente solista, fez seu nome na difícil arte do acompanhamento. A relação de cantores acompanhados por Meira vai de Carmen Miranda a João Bosco, passando por Cartola e tantos outros, constituindo a própria galeria de honra da música brasileira do século XX. A longa dupla que fez com Dino Sete Cordas - ele construindo a harmonia, marcando o ritmo, e Dino costurando tudo com suas linhas de contraponto no baixo - fez deles os criadores de um estilo único de tocar violão que passou a ser uma das marcas distintivas do violão brasileiro.
Meira prosseguiu com sua carreira de músico de estúdio e acompanhamento até próximo de sua morte. Autor de cerca de 20 sambas-canções, choros e sambas de andamento mais lento (quase sempre com letra de Augusto Mesquita), o violonista não gravou nenhum disco autoral. Sua primeira composição registrada em disco foi o choro Primavera (cujo nome depois foi mudado para Arranca Toco), gravada por Benedito Lacerda em 1934. A mais conhecida é Molambo, que continua sendo executada e regravada até hoje.