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Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Waldir Azevedo
Azevedo, Waldir
- Cavaquinista
- ∙ Compositor
Aos 7 anos, morador do bairro carioca do Engenho Novo, comprou seu primeiro instrumento - uma flautinha -, com o dinheiro que conseguia vendendo passarinhos. Pouco depois, trocou a flauta por um bandolim, passando em seguida para o cavaquinho, instrumento com o qual se tornaria conhecido internacionalmente. Sonhava ser aviador mas, por sofrer problemas cardíacos, pôs de lado os planos de voo, arrumou trabalho na Light e casou-se em 1945. Dá os primeiros passos de sua carreira musical em 1940, quando monta um conjunto regional e passa a se apresentar em programas de calouros. Em 1942, tocando ao violão o choro Camburá, de Pascoal de Barros, vence dois concursos de calouros, um na Rádio Cruzeiro do Sul e outro na Rádio Guanabara - que, em seguida, o contrata. Em 1943, passa a atuar profissionalmente no regional de César Moreno e, em 1945, entra como cavaquinista para o regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil.
No final da década de 1940, compõe o clássico Brasileirinho, que inclui em seu primeiro disco pela Continental. Com letra de Pereira Costa, o choro logo seria sucesso também na voz de Ademilde Fonseca e em inúmeras outras gravações. No mesmo período, grava o seu baião Delicado que, recordista de vendagens em 78 rpm, entra para o hit parade da revista americana Cash box. Em 1951, grava seu choro Pedacinhos do céu, que de novo é sucesso instantâneo. Excursiona pela América do Sul e pela Europa na Caravana da Música Brasileira, criada pela Lei Humberto Teixeira. Tem músicas suas gravadas no Japão, Alemanha e Estados Unidos, sempre com expressiva venda de cópias. Em 1967, retorna aos estúdios e lança o LP Delicado pela London/Odeon, considerado seu último grande trabalho como instrumentista.
Em 1970, Waldir aposenta-se da Rádio Clube do Brasil, mudando-se no ano seguinte para Brasília, onde ajudaria a fundar o Clube do Choro. Em 1976 grava o LP Minhas mãos, meu cavaquinho, incluindo, ao final da música título, trechos da Ave Maria, de Gounoud, em agradecimento ao seu restabelecimento após o acidente em que quase perdeu um dedo. Seus 30 anos de carreira são comemorados com uma grande roda de choro que conta com a presença de Paulinho da Viola, César Faria, Raphael Rabello, Ademilde Fonseca, Arthur Moreira Lima, Copinha, Braguinha e outros. Em 1980, começa a produzir um novo disco, mas falece pouco antes de iniciar as gravações. Gravado postumamente, com a presença do músico Canhotinho como solista, o LP recebeu o nome de Luzes e sombras, e teve incluídas as falas gravadas por ele como instrução para a realização do trabalho.
Em 1999, o lançamento de um songbook com sua obra (lançado pela Todamérica) marca os 50 anos de criação do choro Brasileirinho. No ano 2000, os jornalistas Sérgio Cabral e Eulícia Esteves lançam sua biografia. Deixando mais de 200 gravações instrumentais e cerca de 70 composições suas, Waldir Azevedo é considerado um marco na história do choro e da execução do cavaquinho.