Acervo
Autores
Mestre Oscar Santos
Santos, Oscar
- Compositor
- ∙ Acordeonista
- ∙ Bombardinista
- ∙ Clarinetista
- ∙ Flautista
- ∙ Mestre de Banda
- ∙ Multi-instrumentista
- ∙ Professor de Música
- ∙ Saxofonista
- ∙ Violinista
- ∙ Baterista
Oscar Santos é um dos mais importantes nomes da música amapaense. Se estivesse vivo já teríamos comemorado seu centenário. Nascido no dia 29 de dezembro de 1905, no município de Abaetetuba, Estado do Pará, teve o bombardino como primeiro instrumento musical e dedicou-se ao ensino da música por vários municípios e localidades paraenses, formando bandas sinfônicas e conjuntos musicais por onde passava. No entanto, seu primeiro emprego no Amapá foi como fiscal de obras (apontador) e não possuía documentos que o habilitassem na área de música. "Meu avô foi um autodidata", diz Lúcia Uchoa, uma das netas.
Na banda Carlos Gomes e no conjunto Euterpe Jazz, mestre Oscar aprendeu, graças à sua afinidade com instrumentos, a tocar percussão, bateria, saxofone, clarinete e flauta transversa. Aos 17 anos, começou a compor para a banda e, como estudou praticamente sozinho, criou os próprios métodos e técnicas, que logo passou a utilizar nas aulas de música. A partir de janeiro de 1945, durante o governo de Janary Gentil Nunes, primeiro governador do território, Oscar Santos transformou-se num grande educador musical. Foi o responsável pela Academia de Música Oscar Santos, preparando várias gerações através da prática de bandas. Da orquestra Oscar Santos saíram os primeiros grupos musicais do Amapá, entre ele Os Cometas. Este homem revolucionou a educação e a cultura musical, no então território federal, ensinando todos os instrumentos na área de sopros, percussão, violão, violino, acordeon, teoria musical, bandolim e piano. A Banda de Música Oscar Santos, praticamente desativada por falta de apoio do poder público e do setor empresarial, foi fruto do trabalho desenvolvido pelo mestre na antiga Escola Industrial de Macapá, que mais tarde virou Ginásio de Macapá, hoje Escola Integrada de Macapá. Funcionou de 1962 a 1976.
O convite para que Oscar Santos ensinasse música na Escola Industrial de Macapá foi feito pela professora Aracy Miranda de Mont'Alverne, secretária de Educação. Santos foi recebido pelo diretor Antenor Epifânio Martins, mais tarde homenageado com o Dobrado Epifânio Martins. Os alunos da EIM foram homenageados com o Dobrado - Os bonequinhos, pelo fato de o uniforme da escola ser todo azul e os alunos serem chamados de "bonequinhos de anil". Era assim, através da música que prestava suas homenagens.
Joaquim França, hoje regente da Orquestra Filarmônica de Brasília, e José do Carmo Freitas (Nambu), ex-maestro da Banda de Música da Polícia Militar, são dois exemplos de sucesso no resultado do trabalho de Oscar Santos, que também formou um conjunto feminino só de acordeons e percussão e promoveu excursões por municípios do Amapá e do Pará. Aimorezinho, Sebastião Mont'Alverne e Nonato Leal, outros músicos famosos no Estado, também passaram pelas mãos do mestre. "Tenho uma lista de pelo menos 30 amigos que passaram pela escola de música Oscar Santos", revela o cantor e compositor Nivito, lembrando que ele e seus pais, Ernani Vitor e Marli Guedes, foram alunos do mestre.
Exigente, ele determinava que seus alunos lessem a partitura, e os incentivava a "tirar música de ouvido", pois assim aprenderiam a tocar os diversos gêneros da música popular brasileira. Oscar Santos compôs dobrados, marchas, valsas, hinos, missas, boleros, sambas, quadrilhas, choros, frevos, carimbó e poemas. De seus 13 netos, cinco são professores de música e cuidam da preservação de seu acervo. São mais de 560 obras, sendo 123 delas exclusivas do mestre.
Convidado pelo diretor pianista Altino Pimenta, em janeiro de 1952, mestre Oscar fez parte da primeira equipe do corpo docente do Conservatório Amapaense de Música, depois transformado em Escola de Música Walquíria Lima (a única escola de música da cidade), responsável pelas disciplinas: teoria musical, solfejo e harmonia.