Acervo

Autores

Zé Gonzaga

Santos, José Januário dos
  • Acordeonista
  • ∙ Compositor

José Januário dos Santos, conhecido artisticamente como Zé Gonzaga, era o mais novo dos quatro homens, dos filhos de Januário, pai de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. 
Tal qual o pai Januário, o irmão Severino e o irmão Luiz, Zé tinha um enorme talento musical e sem dúvida foi um dos maiores músicos de sanfona deste País, de todos os tempos. Também foi ótimo compositor. Luiz que era um gênio da sanfona considerava-o também o melhor músico da família que, ao todo, tinha sete artistas entre pai, irmãos e irmãs. 
Fugindo da seca do sertão pernambucano, Zé Gonzaga, em 1939 saiu em direção ao sul do País em busca de ajuda dos seus irmãos Joca e Severino que moravam em São Paulo, ou Luiz, no Rio de Janeiro, que não via desde 1930. Não achou os irmãos de São Paulo, escreveu para a mãe, D. Santana, pedindo o endereço de Luiz no Rio de Janeiro. E foi assim que numa manhã de março de 1940, numa pensão situada na Rua São Frederico, 14, no Morro de São Carlos no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga foi acordado antes da hora por D. Tereza, uma portuguesa, dona da pensão que lhe disse: - Gonzaga, acorda que cá está um gajo a dizer que é teu irmão. Gonzaga que ainda vivia no mangue tocando em praça pública para sobreviver, respondeu: - Oxente D. Tereza, que diabo é isso? Aí, tropeçando de sono foi até a porta, reclamando, e deu de cara com um rapaz moreno de olhos azuis iguais ao da sua mãe. Disse José, com quem Luiz sempre teve uma relação de amor e ódio, que ao aparecer aquele negão, de cara redonda, perguntou: - Você é que é Luiz Gonzaga? Eu sou José seu irmão, ao que Luiz respondeu: - E você veio fazer o quê aqui, seu moleque safado que eu não mandei chamar ninguém porque eu estou pior que vocês? – Eu vim praqui porque tá uma seca danada lá no Sertão e mãe mandou dizer pra tu dar um jeito de ajudar a gente. De imediato, a ajuda de Luiz foi comprar um colchão para o irmão e pagar pra ele as despesas de hospedagem da pensão. Zé então com 19 anos passou a ajudar o irmão carregando-lhe a sanfona até o Mangue e a passar o pires no recolhimento das gorjetas. Depois com o passar do tempo e tendo Luiz Gonzaga ficado famoso, deu-lhe uma sanfona, o incentivo e abriu os espaços para o novo artista. José, que era exímio sanfoneiro, fez carreira à sombra do irmão, tendo adotado, a pedido deste, o nome artístico Zé Gonzaga. Depois do empurrão do irmão à sua carreira, venceu pelo seu próprio talento. Casou-se, e durante algum tempo Luiz morou com o irmão e a sua esposa Clara. No final da década de 1940, Zé Gonzaga já tocava na Rádio Guanabara e em 1949 gravou o seu primeiro disco de 78 rotações pela Star, o qual continha os choros, Teimoso, de Zé Gonzaga e Vira o Outro Lado, de Cipó. Em 1950 mudou de gravadora e na Odeon gravou o calango Ai Sanfona, de sua autoria e Jeová Rodrigues e a rancheira Bate Sola, da mesma dupla. Em 1951 gravou a batucada Bebida Não Mata Ninguém, de Kid Pepe e Arlindo Caldas e também o xote O Forró de Quelemente, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Em 1951 fez a música Viva o Rei, em parceria com Zé Amâncio, uma homenagem a seu irmão Luiz que tinha sofrido grave acidente de carro que foi gravada pelos dois, fazendo mais sucesso na voz de Luiz. Em 1956 fez enorme sucesso com O Cheiro da Carolina, de sua autoria e Amorim Roxo. Em 1957 formou um conjunto próprio com o qual passou a se apresentar e a gravar por um determinado período. Chegou a gravar um disco somente composto de tangos, gênero musical que executava muito bem na sanfona pela gravadora Phonodisc. Tal qual um cowboy americano, Zé Gonzaga se apresentava todo de preto, porém com chapéu à moda de cangaceiro de Lampião. Usava também lenço no pescoço, cartucheira e revólver.

Data detalhada de nascimento

15.01.1921

Data detalhada de falecimento

12.04.2002

Natural

Exu - PE