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Autores

Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX

Freire Júnior

Freire Júnior, Francisco José
  • Compositor
  • ∙ Letrista
  • ∙ Teatrólogo
  • ∙ Instrumentista

Nascido em uma família de proprietários rurais no estado do Rio de Janeiro, aos 8 anos de idade já montava pequenas peças de teatro. Aos 14 começou a compor para um grupo amador do bairro. Compondo a música da peça O primo da Califórnia, conheceu Chiquinha Gonzaga, que o incentivou a estudar com o maestro Agnelo França. Aos 17 anos, já tocava piano no Belo Clube em Santa Teresa. Cursou a faculdade de Odontologia morando na ilha de Paquetá, onde, durante alguns anos, dirigiu o Paquetá Jornal. Foi cirurgião-dentista do Ministério da Justiça.

Em 1913, tem sua primeira composição gravada, o Choro do Malaquias, pelo Grupo do Malaquias, na Odeon. Em 1917, estreia como compositor de teatro profissional com a partitura de Tudo dança, revista de Alvarenga Fonseca e J. Miranda. Daí em diante, não para mais de escrever revistas de todos os tipos: revista-burleta, revista-fantasia, revista-charge, e ganha notoriedade com as revistas de cunho político. Em 1923, escreve seis revistas musicais, entre as quais se destaca Luar de Paquetá que, inspirada na música homônima, chega a 150 apresentações, fato raro na época.

Como compositor, criou marchas, canções, tangos, modinhas, fox-trots, sambas, valsas e maxixes, que foram gravados por intérpretes como Francisco Alves, Vicente Celestino,  Aracy Cortes e Mário Reis, entre outros. Em 1922, lança duas de suas obras mais conhecidas: o tango-fado Luar de Paquetá, e Ai Seu Mé (dele com Luís Nunes Sampaio), marcha carnavalesca que, ridicularizando o então candidato à presidência Arthur Bernardes, tornou-se grande sucesso do carnaval daquele ano. Arthur Bernardes no entanto, venceu as eleições, e não só os discos foram recolhidos como seus autores terrivelmente perseguidos.  

Em 1926, torna-se diretor da gravadora Odeon, onde gerencia a carreira discográfica de Francisco Alves. Entre 1934 e 1939, arrenda o Teatro Recreio junto com Luiz Iglésias, Aracy Cortes e Manuel Pinto. Entre outubro de 1951 e abril de 1952, sua revista Eu quero sassaricá, bateu todos os recordes de arrecadação e de permanência em cartaz, fato que motivou a SBAT a conceder-lhe o título de Sócio Benemérito e a Medalha de Ouro de Produção. Em 1954, com 73 anos tentou, sem êxito, empresariar suas próprias peças, aplicando tudo que possuía em É sopa no mel, escrita em parceria com Luís Pujol e em Boa até a última gota. Esses dois fracassos, somados a outros problemas pessoais levaram-no a um desequilíbrio nervoso que apressou sua morte, em 1956. Quando de seu falecimento, o escritor Paschoal Carlos Magno publica na Revista do Teatro o seguinte texto: Dificilmente o público de hoje e de amanhã deixará no olvido Freire Júnior. Sua obra volumosa, sua atuação no teatro, a massa de gente que durante longos anos lhe bateu palmas, os letreiros luminosos anunciando as suas produções - a vida enfim de Freire Júnior impedirá que no teatro e no coração do público o pano desça definitivamente.

Data detalhada de nascimento

04.08.1881

Data detalhada de falecimento

06.10.1956

Fonte de pesquisa

1. ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA BRASILEIRA: POPULAR, ERUDITA E FOLCLÓRICA. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1998. 2. VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira na Belle Époque. Rio de Janeiro: Livraria Santana Ltda., 1977.

Natural

Santa Maria Madalena - RJ