Acervo

José Luís Rodrigues Calazans ganhou o apelido de Jararaca quando formou no Recife, em 1919, Os Boêmios (futuros Turunas Pernambucanos), conjunto regional cujos integrantes adotavam nomes de bichos, e apresentavam-se tocando um repertório de cocos, emboladas e maracatus, vestindo chapéus de abas largas e roupas típicas sertanejas. A formação do grupo era: ele próprio, cantor e violonista; Severino Rangel de Carvalho (Ratinho, saxofone); Adelmar Adour (Cobrinha, pandeiro); Romualdo Miranda (Bronzeado, violão, irmão do bandolinista Luperce Miranda); Robson Florence (Sapequinha, cavaquinho, irmão do violonista Meira); e Jacob Palmieri (Jandaia, pandeiro). A apresentação do grupo no Rio de Janeiro em 1922 durante as comemorações do centenário da Independência, a convite de Pixinguinha, é considerada um marco na história da música popular brasileira, pois influenciou a formação de grupos como o Bando de Tangarás de Noel Rosa, Almirante e João de Barro; a criação de músicas regionalistas e instigou a valorização da cultura nacional. Quando o grupo se desfez, em 1927, Jararaca formou com Ratinho a famosa dupla caipira, passando a atuar em peças teatrais e apresentações musicais entremeadas de esquetes humorísticos. Filho do professor e poeta Ernesto Alves Rodrigues, desenvolveu como autodidata um extraordinário talento como ator e letrista. Foi autor de músicas que se tornaram clássicos absolutos como a marcha Mamãe Eu Quero, além de compor em diversos gêneros musicais: embolada, samba, coco, choro, valsa, polca, marcha, batuque, rojão, maxixe, entre outros. Até o final da década de 1960 Jararaca atuou com Ratinho nas principais gravadoras, rádios e televisões do país e embora o humor fosse a tônica do trabalho da dupla nunca deixaram de tocar choros em suas apresentações.