Acervo
Autores
Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX
Vadico
Gogliano, Osvaldo
- Pianista
- ∙ Compositor
Filho de Erasmino Gogliano e Maria Adelaide de Almeida, casal de imigrantes italianos do bairro do Brás, pertenceu a uma família onde todos os seus irmãos eram músicos. Carlos tocava flauta e sax, Rute formou-se em piano e harmonia e Dirceu fez o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Dedicou-se à música desde muito cedo. Aos 18 anos de idade, ganhou concurso de música popular realizado em São Paulo, concorrendo com a marcha "Isso mesmo é que eu quero". Nesta ocasião, abandonou o ofício de datilógrafo para apresentar-se pela primeira vez em público em um hotel em Poços de Caldas, MG. Em 1929, seu samba Deixei de ser otário foi incluído no filme Acabaram-se os otários (dirigido por Luís de Barros); essa foi sua primeira composição gravada, na Odeon, por Genésio Arruda.
Por essa época, já fazia trabalhos de orquestração e enviou um samba para o Rio de Janeiro, Arranjei outra (com Dan Mallio Carneiro), que foi gravado por Francisco Alves em 1930. Isso o encorajou a dedicar-se somente à música, aperfeiçoando seus estudos de piano. Em 1931 foi para o Rio de Janeiro, onde, por intermédio de Eduardo Souto, teve seu samba Silêncio gravado por Luís Barbosa e Vitório Lattari.
Dois anos depois, o mesmo Eduardo Souto o apresentou a Noel Rosa no estúdio da Odeon. Ouvindo uma de suas composições, Noel aceitou a sugestão de Souto para fazer a letra, e dois dias mais tarde estava pronto o Feitio de oração, o primeiro dos seus sambas que teve Noel como letrista e que foi gravado em 1933, na Odeon, por Francisco Alves e Castro Barbosa. Pouco depois, Noel com o compositor Germano Augusto apareceu em casa de Vadico e este mostrou logo ao piano um samba novo para o qual Noel fez, ali mesmo, um "mostro" (letra provisória para marcar o número de sílabas dos versos). Dois ou três dias depois, em encontro tinha a letra pronta para o samba. Na casa do próprio Germano mostrou deu-se o novo encontro de Vadico e Noel. Este mostrou então o samba que batizara de "Feitiço da Vila" cantando-o, pela primeira vez, acompanhando-se o violão. Este processo de trabalho da dupla deu-se também em "Provei", "Quantos beijos" e "Só pode ser você" sendo que em "Conversa de botequim", "Cem mil réis", "Tarzan, o filho do alfaiate", "Pra que mentir" e a marcha publicitária "A marcha do dragão", Noel escreveu primeiro os versos e Vadico musicou-os depois.
Com a Orquestra Romeu Silva, rumou aos Estados Unidos para tocar no Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York. De lá Romeu Silva voltou com o pessoal, mas Vadico resolveu ficar para tentar a sorte. Segui para a Califórnia trabalhando com Carmen Miranda e o Bando da Lua até 1945 aparecendo inclusive, em vários filmes com o conjunto, tocando um instrumento de ritmo para o espectador, mas piano na gravação prévia das músicas. Deixou Carmen, integrou várias orquestras americanas. Casou em 1946 em Beverly Hills com Harriete Melane da qual divorciou-se em 1952.
Em 1954 voltou ao Brasil, ao que pensava então para umas férias mas, de fato, definitivamente. Em sua ausência seus direitos autorais estavam sendo saqueados, com várias músicas suas de parceria com Noel apresentadas, em discos, sem seu nome ser sequer mencionado, "Feitiço da vila", inclusive.
Em fins de 56 e início de 57, ingressou na TV-Rio como diretor-musical, substituindo Osvaldo Borba. Voltou aos "Copacabana" atuando, então, no Dancing Brasil, de lá indo para o Avenida com Gaúcho, isso já em 58. Pouco depois de chegar ao Brasil fez música para versos de David Nasser, "Noel Rosa", composição gravada por Leny Eversong. Produziu ainda muitas outras músicas com letras de Marino Pinto, Celina Ferreira, Herberto Sales, etc. uma delas, "Prece" (que considerava sua obra-prima), com letra de Marino Pinto, tendo obtido um enorme sucesso: mais de dez gravações diferentes.
No dia 11 de junho de 1962, gravav nos estúdios da Columbia, à rua Visconde do Rio Branco, 53, quando, sentado ao piano, sentiu-se mal. Foi levado às pressas, para o Hospital Sousa Aguiar. O coração pela terceira vez, o traía e dessa, para valer: morreu na viagem de taxi.