Acervo

O chorão Alexandre Gonçalves Pinto, conhecido pelo apelido de “Animal”, tocava cavaquinho e violão. Conviveu com vários músicos de choro com os quais tocou em bailes e festas familiares do final do século XIX e início do século XX. Era carteiro (funcionário público, como a maioria dos chorões de seu tempo) e já no fim da sua vida escreveu um livro de memórias, O Choro — reminiscências dos chorões antigos, onde registrou cerca de 400 personagens que compuseram o ambiente do choro desde 1870 até 1936, quando o livro foi editado. Gonçalves Pinto traça o perfil de todos os chorões da velha guarda e grande parte dos chorões de seu tempo com uma narrativa espontânea e despretensiosa. Apesar dos erros grosseiros de sua escrita, produziu um dos mais legítimos depoimentos da história da música popular brasileira. Por ser o Animal um músico que viveu e testemunhou a fase da história da música do Brasil que trazemos à luz neste trabalho, recorremos freqüentemente aos seus textos, que são aqui incansavelmente citados. A existência de vários compositores cujas partituras se encontram nos cadernos de chorões do século XIX pôde ser confirmada a partir de seu livro. Seus escritos foram referência e muitas vezes nortearam a pesquisa, esclarecendo muitos aspectos desconhecidos da vida e da obra de muitos autores aqui registrados. Podemos traçar um perfil musical de cada um desses mestres a partir das suas obras, mas com as descrições do Animal, podemos fazer verdadeiros retratos falados desses obscuros vultos da primeira música popular do Brasil — o Choro.